
Os primeiros momentos foram dedicados a imaginar qual seria o desafio.. “Escrever sobre o quê”.
Adorei a sensação de perceber as ideias correrem, atropelarem-se e surgirem mais rápidas que a própria capacidade física, que é escrever. Um dia haverá um aparelho ultra-moderno, capaz de desenhar os caracteres à velocidade dos pensamentos..
Utilizar a frase como mote para dirigir esta orquestra de sons abstractos foi uma forma de disciplinar a mente e elaborar um texto mais ou menos coerente. Como se existisse uma coerência consensual.
Escrever é lavrar, um terreno fértil com aquilo que nos propusemos semear. Ideias soltas podem agredir, ferir e magoar, por isso vou tentar não fugir muito, mas esse é o meu desejo.
Semear várias letras, pequenas palavras que se juntam e formam frases que vão durar para sempre, se as alimentarmos regularmente, vão transformar-se em obras de arte, expressão viva de quem as criou. Devemos preparar bem o terreno onde queremos lançar essas sementes, e cuidar para que elas cresçam sãs e sejam um dia árvores de frutos doces e macios.
Da mesma forma podemos tecer palavras num tear, onde no início são meros fios alinhados. A cada passagem do fio pela trama nasce uma forma, uma imagem, uma textura, que serão a base de tapetes e passadeiras. Tal qual um traço do lápis sobre a folha de papel, meros sarrabiscos que vão sendo apagados, escritos por cima e formam desenho de poesias e poemas.
O importante é a tarefa que está por trás, a vontade de o fazer e a acção, escrever. Isso é lavrar, semear, tecer.
4 comentários:
:)
Bonito. Bom ver-te inspirada! Beijo enorme!
Interessante. Pena que não tenha referido que "Escrever é lavrar, é semear, é tecer" é o título de um livro, aliás publicitado na internet...
“Escrever é lavrar, é semear, é tecer” - Álvaro Gomes
Aqui está o crédito ao autor da frase que deu o mote ao texto.
Obrigada pela dica anónimo :)
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