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6 de junho de 2010

Escrita criativa - texto 2 - inspiração num sútra do DeRose


Deveríamos ser como os riachos que tranquilamente contornam os obstáculos

Esta frase do escritor DeRose reflecte bem o que eu acredito ser fundamental na nossa vida, encarar os nossos problemas de frente e assumir que não passam disso, situações temporárias, perfeitamente contornáveis embora passíveis de gerar tanto stress e desconforto a alguns, menos conscientes, menos atentos.
Eu apenas me sinto grata de ter encontrado esta irmandade, onde não me reprimo e percebo pertencer de forma natural, sem máscaras.
Achei o Método numa altura da minha vida em que os obstáculos eram demasiado extensos e intransponíveis, e onde uns anti-depressivos acompanhados de ansiolíticos mascaravam a minha inadaptação a esta sociedade. Parecia não me conseguir ajustar e por isso procurava fugir de alguma maneira. Entendo que tudo que fiz no passado contribuiu para aquilo que sou hoje, mas gostava de ter conhecido esta cultura mais cedo.
Aprendi que a vida é maravilhosa e o que temos de mais precioso é o tempo. Incorporei que a energia está em nós e que qualquer desajuste tem por causa alguma situação interna. É fácil arranjar desculpas em factores externos ou em outra pessoas, mas os verdadeiros responsáveis pelo que sentimos e pela nossa felicidade somos nós próprios. Se percebemos que algo não está bem, possuímos a capacidade de mudar. É isso que nos diferencia dos animais ditos irracionais. Somos responsáveis pelas nossas acções e pela tomada de decisão, pelo livre arbítrio. Esse novo entendimento de que sou capaz de influenciar-me e de me envolver pelo ambiente que quero, proporcionou-me uma maior consciência de mim, dos outros e do envolvimento. Adquiri a capacidade de me colocar de fora das situações causadoras de problema e analisar a melhor situação, sem me deixar emocionalizar. Uma macro consciência, aliada a um profundo e constante auto-estudo.
O foco no objectivo, na meta, também ganhos com essa nova situação, fez com que a dispersão diminuísse no intuito de conseguir gerir melhor o tempo e sua ocupação. Sempre fui de trabalhar muito, e por ter três ou quatro ocupações, andava constantemente cansada e esgotada. Agora o meu trabalho é a minha vida, uso as férias para conhecer o trabalho de outros países e cidades, e evoluo com a aprendizagem e partilha. Deixei de ter sábados, domingos e feriados, mas não reclamo nem desespero com isso.
Trabalho com pessoas bonitas, jovens de espírito, cultas e que querem o melhor para si, o que é extremamente gratificante e enriquecedor. Aprendo enquanto ensino e ofereço uma nova visão do mundo. Alimento-me dos sorrisos que ganho dos alunos depois de uma aula ministrada por mim. Desempenho uma arte ao subir no palco para executar a coreografia que é o reflexo da minha prática e vivência.
Cuido de mim como antes não o fazia, percebendo que não sou insubstituível, mas a minha missão é de máxima importância. Na alimentação, na saúde, nos relacionamentos, na cultura, na selecção e na exigência, busco a qualidade de vida. E sou feliz, fluindo entre pedras e obstáculos que naturalmente aparecem e desaparecem...

4 comentários:

farang disse...

Fantástico Sónia... deixei-me levar pelas tuas palavras num momento que não existia tempo :-) por vezes sinto-me, incompreendido...pelas pessoas que me rodeiam... esta nova Agrégora que acabei de encontrar representa bem TUDO que eu tanto procurei :-)

Ana Cláudia Alves disse...

Está brilhante este texto. Sais de ti e aconteces-te em cada frase, cada ponto final, com força, clareza e sobretudo com tanta Sabedoria. Continua alinhada. Estas na frequência certa. Digo isto porque sinto (mas quem sou eu...).

Admiro-te muito, sabes? Mas não sou de demonstrar. Sou de observar.
Bem hajas por existires na minha vida!

Beijo azul

Anónimo disse...

Sensacional. Consegues exprimir com clareza muita coisa que sinto, principalmente no antes e nas diferenças na forma de encarar a vida. Escreves muitíssimo bem! Não gosto muito de deixar comentários pois não me costumo sentir muito confortável nesse papel, normalmente guardo esses meus pensamentos, mas por vezes acho injusto demais não deixar registado aquilo que penso de tão bem que me fez. És sem a menor dúvida um furacão de coragem, força e vitalidade com a mais valia de saberes transmitir esse saber, essa segurança, essa inteligência emocional a todos quantos têm o privilégio de partilhar algum tempo contigo. És uma fonte de inspiração e espero poder aprender muita coisa contigo durante muito tempo :)
Sara Baía

Unknown disse...

Vocês são o motivo pelo qual eu acredito estar a seguir o caminho certo... Obrigada pelos comentários carinhosos :)