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16 de agosto de 2010

Ser poeta de Florbela Espanca


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendos
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»)

 

1 comentário:

Marco Santos disse...

Muito belo este poema, associado aos Trovante, de tantas vezes os ouvirmos cantar "Perdidamente".
Também gostei desta versão da Ala dos Namorados, na voz da Sara Tavares.

Obrigado pela toque poético e pela divulgação do que a nossa cultura tem de melhor.

Beijo.